Por que me veio à mente,
assim, de repente,
imagens do passado
sem que eu tivesse
ao menos me esforçado
e me preparado?
Não terão elas já se apagado?
Descubro que não.
Elas estão grudadas em minha alma
como um álbum que eu tivesse
pegado e aos poucos desfolhado.
Suas páginas soltas, esbranquiçadas,
ao invés de me fazerem feliz,
morrem no tempo e
como uma tempestade
vai devastando tudo, sem piedade.
Recomeçar - palavra mágica,
vendo o dia terminar...
Deitar a cabeça em meu travesseiro
e quem sabe, sonhar...
Mais uma noite, depois o dia.
E esperar. O quê?
Você. Onde? Em que lugar?
Uma nuvem, uma estrela a brilhar.
O infinito. Onde você está?
Fecho os olhos e procuro imaginar.
E saber que você nunca mais voltará.
Há um frêmito em meu peito
quando penso em ti.
Que estranho que tu és...
com teu olhar prometes tudo.
Estendo as mãos e não vens.
O que procuras? O que desejas?
Pareces uma onda a vagar...
Sou a areia acolhedora,
onde tu chegas, espraia-se...
e como a onda,
te vais - para não voltar.
Então reflito: não vale a pena esperar.